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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Aventura Ambiental no Parque Ibirapuera

Aventura Ambiental no Parque Ibirapuera

Angélica Berenice de Almeida
[1] e equipe
Acreditamos, e nossa experiência tem nos confirmado, que para sensibilizar as pessoas sobre a importância do Meio Ambiente e Cultura de Paz, precisamos atuar como educadores que despertem a afetividade.

Essa afetividade se inicia quando acolhemos o grupo na porta do ônibus com a alegria em termos convidados especiais para mais uma Aventura Ambiental. Levamos o grupo para sala Jabuticabeira, apresentamos o trabalho da UMAPAZ, falamos dessa escola que é diferente e tem como missão atender os diferentes públicos da cidade na promoção de uma convivência sócio ambiental sustentável e assistimos a algum filme que aborda temas ambientais ou de cultura de paz proporcionando uma reflexão dialogada com o grupo. Antes de sairmos para essa grande aventura combinamos como vamos trabalhar, para garantirmos um trabalho com harmonia e qualidade.

Quando recebemos mais de 20 pessoas dividimos o grupo para que todos possam ouvir e ser ouvidos. As crianças vão nos enchendo de perguntas e vamos dialogando, chamando-as pelo nome, construindo rapidamente uma relação de confiança e afetividade. O grupo vai mostrando sua dinâmica e através dessa leitura tecemos nossa ação sentindo no olhar de cada um a alegria e encantamento despertado no contato com a natureza.

O percurso da Aventura começa no Viveiro Manequinho Lopes, falamos sobre seu histórico e sua importância na criação do Parque Ibirapuera. Percorremos seus corredores mostrando os canteiros, as estufas, o colorido das plantas nas diferentes estações do ano e explicamos sobre os serviços que o Viveiro Manequinho Lopes desenvolve para a Cidade de São Paulo.

Quando passamos pela Divisão de Fauna a curiosidade é imensa, as crianças silenciam para ouvir o som que vem das aves e dos animais que estão lá se recuperando. Explicamos que este é um local de tratamento dos animais silvestres que chegam machucados. Entendem que não podem vê-los e começam a contar histórias de seus animaizinhos de estimação.

Caminhamos até a Serraria onde acontecerá o grande piquenique. Essa é a hora de compartilhar os lanches que trouxeram numa grande roda, alguns trazem tanto lanche que parece que vão passar alguns dias no Parque. Neste momento surgem vários assuntos que são compartilhados conosco, “alguns dizem que querem morar no Parque Ibirapuera porque a aqui é lindo, tem árvores, pássaros, brinquedos e é o lugar mais bonito de São Paulo”. Aproveitamos este momento alegre para conversar sobre a destinação do lixo, a reciclagem e o consumo responsável.

Após o lanche é o momento de contarmos a história do Parque Ibirapuera: quando falamos da origem do nome que vem da língua tupi guarani que quer dizer pau podre, árvore velha apodrecida, as crianças pequenas acham muito engraçado e logo querem saber o motivo do nome.

Seguindo a visita vamos para um bosque, mostramos a Figueira Bengalense, todos ficam encantados com a sua exuberância então aproveitamos para fazer algumas vivências e aprofundar o contato com a natureza, explorando sensações e sentidos como olfato e tato. Sensações vão sendo despertadas nas crianças e a sensibilidade à beleza e ao contato vão surgindo.

Percebemos que após abraçarem a árvore surge no grupo uma relação afetuosa e harmoniosa com o meio ambiente.

Na praça da paz, que é o maior espaço aberto do parque, propomos que deitem no chão e observem o céu. Todos se surpreendem com o espaço que os olhos podem alcançar. Realizamos outra vivência onde cada criança escolhe um pássaro que gostaria de ser. As crianças saem em disparada voando e cantando o canto do “seu pássaro”. Essa dimensão de liberdade é muito expressiva e demonstra a importância de “desconfinar” a criança do espaço escolar.

A ponte de metal é outra sensação maravilhosa, olhar o lago e ver a quantidade de peixes que estão ali esperando para que eles possam vê-los. Falamos da origem da água dos lagos, que o Parque Ibirapuera possui um conjunto de três lagos artificiais interligados, composto pelas águas dos Córregos do Caaguaçu e o Córrego do Sapateiro.

Fazemos uma roda para falar do conjunto arquitetônico que foi construído para comemorar o IV Centenário da Cidade de São Paulo e hoje abriga diferentes museus.

A pergunta vem várias vezes durante o passeio: “está na hora do parquinho?” Quando falamos que está chegando a hora a energia aumenta e as crianças correm para escolher os seus brinquedos.

No retorno à UMAPAZ surgem vários depoimentos de amor ao Parque e das sensações vivenciadas, alguns dizem:

“Sabe o que mais amo na vida? As árvores porque dão flores e sombra”.

“Nunca mais vou querer passarinho preso na gaiola, eles são bem mais felizes soltos”.

“Quero ficar bem rico para poder cuidar de todas as árvores do Parque, mesmo que eu gaste todo o meu dinheiro vou ser um pobre feliz!”.

O trabalho realizado na “Aventura Ambiental” acontece com a vivência prática com o meio, as crianças descobrem que a natureza que está presente no parque precisa ser cuidada e que eles poderão contribuir no cuidado do planeta, para um futuro de harmonia e uma vida com mais qualidade. Só em 2010 o programa atendeu quase 5 mil crianças.

Para nós, educadores ambientais, esta é mais uma oportunidade no desenvolvimento da nossa ação educativa, de poder desenvolver a arte de educar e ajudar a transformar o mundo.


Coordenação: Angélica Berenice de Almeida e Thereza Christina Rosa.

[1] Educadora da equipe UMAPAZ e coordenadora do Programa Aventura Ambiental no Parque do Ibirapuera.

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